Ministério Público denuncia coronel do Exército por explosão com arsenal dentro de apartamento de Campinas
06/03/2025
(Foto: Reprodução) Para promotores, militar deve responder por posse ilegal de arma e por causar incêndio. Defesa alega que os crimes citados pelo MP não foram cometidos. O Ministério Público (MP) de São Paulo denunciou à Justiça o coronel do Exército dono do apartamento aonde um arsenal com armas e munição ocasionou uma explosão no condomínio Fênix, na Rua Hércules Florence, em Campinas (SP).
A denúncia foi feita nesta quarta-feira (6). Para os promotores, o militar deve responder por posse de arma, além de causar o incêndio. A defesa alega que o coronel não cometeu os crimes citados na denúncia.
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Denúncia do MP
No documento da denúncia oferecido à Justiça, o Ministério Público afirma que, no apartamento, foram encontradas 145 armas, incluindo armas de uso permitido sem a devida regulamentação e armas de uso restrito.
Além disso, o documento aponta que o coronel Virgílio Parras Dias mantinha grande quantidade de pólvora, artefato explosivo ou incendiário, cartuchos, máquina para manufatura de munições, prensas, estojos de munição, diversas peças de arma de fogo e ferramentas utilizadas para recarregar e reciclar munição, sem autorização.
Para os promotores, isso faz com que Parras Dias tenha provocado o incêndio, afetando o patrimônio dos vizinhos e colocando os moradores em risco.
O coronel foi denunciado por posse irregular de arma e munição de uso permitido, porte ilegal de arma e munição de uso restrito e por causar o incêndio. O MP também pede que, se condenado, as penas privativas de liberdade sejam cumulativas.
Apartamento com munições que pegou fogo em Campinas e armas de coronel
Defesa Civil e Arquivo Pessoal
Posição da defesa
A defesa do coronel afirma que não há ligação entre a conduta de Parras Dias e o resultado do dano causado pelo incêndio, e que a questão do porte das armas seria apenas uma infração administrativa.
Além disso, alega que o coronel não cometeu os crimes descritos da denúncia feita pelo Ministério Público. Confira a posição na íntegra abaixo.
"Iremos nos pronunciar oportunamente no processo. No entanto, lendo a denúncia, por primeiro e sem fazer juízo de mérito mais aprofundado, me parece que o MP deixou de considerar conclusão pericial que asseverou que não há nexo de causalidade apto a ensejar o crime de incêndio. Sobre a questão dos armamentos, também me parece que estamos diante de mero ilícito administrativo. Deste modo, creio ser absolutamente possível concluir que o Coronel Parra não cometeu qualquer dos crimes descritos na denúncia."
O caso
Uma explosão seguida de incêndio atingiu, no dia 24 de fevereiro de 2024, um apartamento do primeiro andar do condomínio Fênix, na Rua Hércules Florence, em Campinas (SP).
No dia seguinte à explosão (25), a perícia concluiu que o incêndio começou após um artefato explodir dentro do cofre do imóvel de Parras Dias.
Ao todo, 44 pessoas que estavam em andares superiores foram retiradas do prédio, parte delas por meio de cordas, em uma manobra semelhante à técnica de descida em rapel.
Trinta e quatro pessoas que inalaram fumaça precisaram de atendimento médico e foram encaminhadas para o Hospital Casa de Saúde e para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) São José — nenhuma em estado grave.
Armas encontradas em meio aos escombros de apartamento de coronel do Exército em Campinas (SP)
Arquivo pessoal
O que as investigações apontaram?
De acordo com a Polícia Civil, o coronel construiu uma espécie de paiol para armazenar armas, granadas e "incontáveis" munições dentro do imóvel.
De acordo com o boletim de ocorrência, o arsenal estava na área destinada à despensa de mantimentos e era, "no mínimo inapropriado para tal armazenamento", pois, além de expor a risco o interior do imóvel, o cômodo fazia divisa com as áreas comuns do prédio. Como resultado, a explosão atingiu as escadas, o corredor e o elevador do primeiro andar.
Ainda de acordo com a corporação, também chamou a atenção a grande quantidade de pólvora para manufatura de munição. No boletim de ocorrência atualizado, constam 25 embalagens plásticas com o material.
A pólvora também estava em outros cômodos e em maior quantidade em um quarto, que teria sido transformado em oficina para tal atividade.
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